quinta-feira, 10 de março de 2011

Urgência emocional


Se tudo é para ontem, se a vida engata uma primeira e sai em disparada, se não há mais tempo para paradas estratégicas, caímos fatalmente no vício de querer que os amores sejam igualmente resolvidos num átimo de segundo.

Temos pressa para ouvir “eu te amo”, não vemos a hora de que fiquem estabelecidas as regras de convívio:

somos namorados, ficantes, casados, amantes?

Urgência emocional.

Uma cilada.

Associamos diversas palavras ao amor: paixão, romance, sexo, adrenalina, palpitação.

Esquecemos, no entanto, da palavra que viabiliza esse sentimento: paciência.

Amor sem paciência não vinga.

Amor não pode ser mastigado e engolido com emergência, com fome desesperada.

É preciso degustar cada pedacinho do amor, no que ele tem de amargo e de saboroso, no que ele tem de duro e de macio, os nervos do amor, as gorduras do amor, as proteínas do amor, as propriedades todas que ele tem.

É uma refeição que pode durar uma vida.

Mas não!

Temos urgência!

Queremos a resposta do e-mail ainda hoje, queremos que o telefone toque sem parar, queremos que ele se apaixone assim que souber nosso nome, queremos que ela se renda logo após o primeiro beijo, e não toleraremos recusas, e não respeitaremos dúvidas, e não abriremos espaço na agenda para esperar.

Temos todo o tempo do mundo, dizem uns; não há tempo a perder, dizem outros: a gente fica perdido no meio deste fogo cruzado, atingidos por informações várias, vivências diversas, parece que todos sabem mais do que nós, pobres de nós, que só queremos uma coisa nessa vida, ser amados.

Podemos esperar por todo o resto: emprego, dinheiro, sucesso, mas não passaremos mais um dia sequer sozinhos.

Te adoro, dizemos sei lá pra quem, para quem tiver ouvidos e souber responder “eu também”, que a gente está mais a fim de acreditar do que de selecionar.

Urgência emocional.

Pronto-socorro do amor.

Atiramos para todos os lados e somos baleados por qualquer um.

E o coração leva um monte de pontos por causa dessa tragédia: pressa.

Pensando em você.


Eu estava cá, comigo mesmo, pensando.
Pensei em tantas coisas, tudo o que me faz bem.

Fazendo isso eu descobri que não me sinto mais só.

Quando estou escrevendo tem sempre algo a me inspirar.
Ao tocar o meu violão sempre tenho a quem dedicar.
A brisa da manhã sempre me traz um perfume ainda desconhecido, porém muito bom.
No meio das chuvas de verão me afogo em um sorriso que me vem fácil.
Me pego desenhando, qualquer coisa, maçãs por exemplo, e até nesse momento não estou sozinho.

E volto a pensar.

Nesse momento te escrevo minhas esperanças, pois agora está a sua imagem à minha frente.
Quando inicio uma nova canção no violão é para você que costumo oferecê-la.
Aquele perfume que a brisa da manhã me traz ao abrir a janela, descobri que é de uma fada que vela o meu sono.
E enquanto chove, corro para dentro d'água e deixo lavá-la a minha alma, fecho o olho e deixo que ela me leve a ti.
Nos meus desenhos sempre aparece uma maçã mordida, fruto da imaginação e do pecado.

E por fim, me pego a pensar, novamente em você!

Dia "X"





Começou como brincadeira de criança.
Era um de lá dizendo coisas e outro de cá sorrindo por isso.

Fui do real ao regresso na mesma conversa.
Com umas pitadas imaginárias surgiram as primeiras viagens no tempo e na fantasia.

Fomos juntos intercalando momentos da vida real com a fantasiosa idéia de estarmos em mundos alheios ao que vivemos, onde tudo é irreal exceto a vontade de nos fazermos bem.

Mas é tão gostoso viver o irreal.
Como seriam as minhas noites sem saber que existem fadas?
Monótonas eu diria!

E no amanhecer, sem essa brisa que tanto me toca os lábios, seria rotineiro e rotina só é legal quando apaixonados no colegial.

Viver recebendo notícias sua via mensagem de celular é conflitante com o sub-mundo que escolhemos para as nossas aventuras.
Um conto não deveria ter aparatos eletrônicos.
Porém, para mais uma controvérsia, se não fossem esses tais aparatos, não estaríamos nos vivendo tão intensamente.

Acredito estarmos ambos ansiosos pelo o dia em que a Cultura será o nosso primeiro contato real.
Não haveria de ter lugar mais oportuno para a entrega da carta e a passagem do mapa.

Isso! Aquele mapa que ensina a chegar no amor de criança. Aquele que te prometi.
Ele parece tão complexo no início, mas se bem desenhado como está ficando o meu, será fácil de encontrar o caminho mais rápido.

O bom é que no nosso mundo, não precisamos de mais ninguém para sorrirmos, basta que nos enxerguemos de olhos fechados que eles disparam a aparecer.

É um atrás do outro, e o outro atrás daquele anterior. Chega a impressionar as pessoas que passam do nosso lado e nos enxergam aos risos olhando para uma tela de computador.

Eita! Esse computador também é danado as vezes. Aliás, nesses últimos dias ele tem estado demais. No meio do ápice extremo do sorriso, ele nos prega uma peça e nos derruba. Voltamos sorrindo e outra queda.

Acho que até os nossos computadores estão cansados de fazer parte desse conto.
E toda noite eu digo ao meu: "Aguenta mais um pouquinho amigão, está chegando o dia afinal!"

Só assim para esquecer o que ele vem aprontando e sorrir.
Acredito que faz o mesmo, ao menos até desistir e me enviar uma mensagem de boa noite dizendo: "Acho que vou desistir. =/"

Então! Caiu denovo? Não desista. Estarei sempre te esperando!
Aqui e no "x" do mapa!

Um beijo e chega logo ao "x"!

Uma noite de sonhos bons e surpreendentemente de sono bom. ;)


Era para ter sido apenas mais uma noite daquelas sem graça iguais a todas as outras.
Ao longo do dia o peito havia sido massacrado por uma angústia. Ansiava por aquelas letras soltas me dizendo coisas, oras tolas, oras não, mas sempre valiosas.
Como todo o pouco tempo tem sido.
Valioso.
E na hora em que me despedia da angústia. No exato momento em que a seta se encaminhava ao alvo. Onde o sair e fechar seriam o desfecho de mais um dia escandalosamente nublado. Eis que surge em minha janela, ainda aberta naquele instante, o brilho trazido pela lua.

Cativou-me tanto que fiquei a te olhar!
Pulei para o encosto do sofá com o violão no colo e fiquei a te dizer bobagens.

Como seria confortante escutar-te a me desejar uma boa noite de sono e sonhos.
Seria fascinante descobrir o quão doce seria esse instante.
Pois iria deixar de fazer parte do campo imaginário e passaria a fazer parte da realidade.
E como é boa a realidade de poder te ter, não próxima o bastante, mas de te ter!
Foi uma noite encantadora. Demorei para pegar no sono.
Fechava os olhos e como num filme onde a imagem vai se aproximando do personagem que está pronunciando algo, você aparecia.
Sonhava ainda acordada.
Como não haveria de ser a noite então? Sonhos ruins? Esses com certeza passariam longe de mim.
Enfim sonhei.
Não com você. Seria muito fácil, mas não foi com você!
Sonhei com o início de um arco-íris bem em cima de mim. Muitas cores. E resolvi por escalá-lo.
Nossa, a cada passo, a cada subida, mais cansado eu ficava, mas desistir para quê?
"No fim dele há de existir um pote de ouro!"
Continuei. Sou brasileira. Não desisto nunca.
Quando cheguei no topo, senti que havia vencido bastante. Olhava lá do alto cá para baixo e imaginava que era um dos poucos que havia conseguido tal feito. Mas de que adiantava aquela vista? De que adiantava tanta beleza? Tanta cor? Eu estava só. Precisava compartilhar com alguém.
Pensei no pote de ouro e voltei a caminhar.
"Para baixo, todo santo há de ajudar."
Desci como brincadeira de criança. Um escorregador. Joguei-me de cabeça como quem se atira ao mar. Ao chegar no fim do arco íris não havia pote de ouro.
"Gnomos danados, esconderam-no de mim!"
Sentei-me atônita. Não podia acreditar que não havia nada ali.
Até que veio uma pessoa em minha direção e me estendeu a mão.
Era uma homem. Veio de jeans. Uma camiseta azul. Tênis. Óculos escuro.
Seus cabelos, mesmo curtos bailavam com o vento.
Fiquei paralisada. Enfim havia encontrado o pote de ouro.

"Ah gnomos! Me aprontaram mais uma!"
E ao retirar os seus óculos, lá estava o brilho do tesouro!

Me encantou.
Acordei entusiasmada.
Decidida a ir atrás do meu tesouro de olhos e olhares cativantes.
Te trarei ao meu lado e te guiarei ao topo daquele arco íris onde nos perderemos em nós.
Mas por enquanto, enquanto ainda é cedo, estarei a aguardar mais "boas noites e bons sonhos" como os de ontem!

Sou cheia de manias.


Tenho carências insolúveis. Sou teimosa. Hipocondríaca. Raivosa, quando sinto-me atacada. Não como cebola. Só ando no banco da frente dos carros. Mas não imponho a minha pessoa a ninguém. Não imploro afeto. Não sou indiscreta nas minhas relações. Tenho poucos amigos, porque acho mais inteligente ser seletivo a respeito daqueles que você escolhe para contar os seus segredos. Então, se sou chata, não incomodo ninguém que não queira ser incomodado. Chateio só aqueles que não me acham uma chata, por isso me querem ao seu lado. Acho sim, que, às vezes, dou trabalho. Mas é como ter um Rolls Royce: se você não quiser ter que pagar o preço da manutenção, mude para um Passat.