segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Dia mortal

Dia mortal
O dia amanhece
e nem deus ouve minhas preces.
0 vento é calido.
Parece vindo das profundezas do inferno.
O dia nasce
e vidas morrem.
Porque so eu sobrevivo.
servindo de alimento para meus inimigos.
Estes insaciaveis dêmonios.
Morrer se a morte não me quer.
Viver se a vida não me da prazer.
O ceú esta negro.
As flores estão murchas.
Morte e vida se misturam
na chegada e na partida.
No descanso e na fadiga.
Lágrimas e falsos sorrisos.
O dia amanhece.
E nem deus ouve
Meia verdade
Nem tudo que escrevo é poesia.
Nem tudo que vivo é vida.
Pouco importa se minha fome já me da mal hálito.
Se minha rima é pobre e não estou preso a nenhuma fórmula.
Prefiro o muro e não um rumo, meu poema tem careta na face.
Não sou poetiza! Mas protesto!
Sou mentirosa, e as palavras sabem! Por isso, que faço poesia

O que eu não disse.

O que eu não disse.
Todo o exterior é amante, o que eu não digo que é eterno.
Odeio conceitos, só os que me lêem de olhos fechados
é que me seguem.
Alguns virgens sempre me julgaram enquanto não durmo.
Nunca fui dia! Nunca serei dia, o sol nunca será meu.
Tenho pouco, muito pouco e sobre esse pouco é que sou poetiza.
Tenho o que mereço, sou menos e amanhã serei menos ainda.
Afinal eu morro...
Todo dia é um ponto, e uma canção de luto.
Não preciso da culpa para me sentir protegida.

Ostracismo

Ostracismo
O cabelo preto e o meu medo fiel de não olhar o que os outros desejam.
É mulher de pouca de fé, a tarde rebola com suas danças incultas.
A coerência dos meus ossos, a postura na mesa, a postura na sala.
E esse homem a sorrir, por que escrever dói tanto agora.

Uma mentira

Uma mentira
Essa vontade atravessada.
Esse querer que persegue o dia esquecido na janela.
Sou só repetição, não quero nada de eterno.
Toda essa razão, um monte delas e tudo que mais quero é uma mentira.
Uma mão vadia, um calor que não me fale de endereços.
Que não fale de livros, de cálculos, gleba estrangeira e de fulanos monumentos.
É o fácil, é o corpo esparramado em sua órbita natural, sua busca virgem.
A exatidão é uma falácia e eu quero falar de despudores na mesa.
Cansa o que eu sei e o que eu não sei. E o resto é um vestíbulo bonito.
Hoje sem dinheiro, sem TV, sem máximas, eu preciso de uma mentira.
Uma intrepidez de reflexos que me intercale entre ócio e a volúpia.
Quero todos os hiatos, todos os pesos dos segundos em agridoces arritmias.
Hoje e dentro sempre dentro eu não quero esperar afetos homéricos.
E um bom dia pela manhã com recalques de ideias que pleiteiem meus outros versos.
Preciso de uma mentira, não, não todas as mentiras e o dever final de um curto adeus.
E depois, não me importo com o depois. Quem um dia me dirá a verdade?
A verdade é uma atriz que não se olha no espelho.
Está lá congênita e esparsa com todos seus precipícios de endemias sociáveis.
É uma mentira, uma simples mentira que cobiço nesta hora.