segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Uma mentira

Uma mentira
Essa vontade atravessada.
Esse querer que persegue o dia esquecido na janela.
Sou só repetição, não quero nada de eterno.
Toda essa razão, um monte delas e tudo que mais quero é uma mentira.
Uma mão vadia, um calor que não me fale de endereços.
Que não fale de livros, de cálculos, gleba estrangeira e de fulanos monumentos.
É o fácil, é o corpo esparramado em sua órbita natural, sua busca virgem.
A exatidão é uma falácia e eu quero falar de despudores na mesa.
Cansa o que eu sei e o que eu não sei. E o resto é um vestíbulo bonito.
Hoje sem dinheiro, sem TV, sem máximas, eu preciso de uma mentira.
Uma intrepidez de reflexos que me intercale entre ócio e a volúpia.
Quero todos os hiatos, todos os pesos dos segundos em agridoces arritmias.
Hoje e dentro sempre dentro eu não quero esperar afetos homéricos.
E um bom dia pela manhã com recalques de ideias que pleiteiem meus outros versos.
Preciso de uma mentira, não, não todas as mentiras e o dever final de um curto adeus.
E depois, não me importo com o depois. Quem um dia me dirá a verdade?
A verdade é uma atriz que não se olha no espelho.
Está lá congênita e esparsa com todos seus precipícios de endemias sociáveis.
É uma mentira, uma simples mentira que cobiço nesta hora.

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