Era
julho, para ser mais exata sete de julho de dois mil e dezessete. O
frio e a chuva tornavam aquela pequena cidade onde eu morava ainda mais
aconchegante, é estávamos na minha estação preferida, o inverno. Muitos
quilômetros distante morava Henrique, o cara pelo qual eu havia me
apaixonado alguns anos atrás, o homem que esteve presente nos mais
difíceis e felizes momentos da minha vida, aquele que um dia eu jurei a
mim mesma, amar sempre.
Meu
telefone toca, do outro lado era ele, dizendo o quão imensa era a
saudade e que enfrentaria a distância para vir me ver. Na hora nem
acreditei, pois faltavam alguns dias para nos vermos novamente, mas a
felicidade tomou conta do meu rosto ao saber daquela notícia.
O
esperei por algumas horas até sua chegada, após isso a saudade ia
diminuindo cada vez que eu olhava em seus olhos e sentia o calor da sua
pele.
Henrique
disse que o motivo que o fizera vir antes do planejado, era que ele
tinha algo muito importante para me pedir. Fiquei imaginando o que era e
enquanto isso, ele já estava pegando as chaves do carro, guarda-chuva e
meu casaco.
- Onde vamos? Eu perguntei nervosa.
- Para um lugar importante, como a data de hoje. Ele respondeu com um brilho imenso nos olhos.
Passamos por algumas quadras, sempre na companhia da chuva que aos poucos ia se transformando em uma fina garoá.
Paramos,
em um lugar pouco legível e Henrique com todo o seu carinho me beijou. E
como se fosse a primeira vez, senti todas aquelas sensações
inexplicáveis.
De
repente ele disse que precisava vendar meus olhos para podermos seguir
para um lugar especial. Aceitei, mesmo estando completamente curiosa com
o que estava acontecendo.
Saímos do carro, e ele me guiou para esse tal lugar.
Ao chegarmos ele tirou a fita lilás que ofuscava totalmente minha visão.
Abri meus olhos e espiei em volta. Onde eu estava?
Sorrindo ele me perguntou:
- Lembra-se desse lugar Laura ?
Eu totalmente envergonhada pelo esquecimento momentâneo e muito emocionada, respondi.
- Sim, sei onde estamos amor.
Ele
havia me levado até a ponte onde havíamos nos conhecido num dia como
este, há exatamente sete anos atrás. Hoje totalmente reformada após o
terrível temporal que havia a destruído alguns meses atrás.
Então, Henrique ajoelhou-se na minha frente, envolveu suas mãos nas minhas e falou:
-
Sei o quanto tudo é complicado para nós Laura, a distância, a saudade
de todas as noites e a vontade de termos sempre um a outro em todos os
momentos. Não reclamo de viver assim, pois fomos escolhidos pelo amor
para vivermos a tudo isso. Fomos reféns de um destino engraçado e cheio
de surpresas, como está. Então não aguentando mais somente fazer planos,
quero saber se aceita ser uma Castanhari daqui alguns, poucos meses ?
Eu
não estava acreditando em nada, na verdade parecia mais um sonho de
todas as noites, mas um plano escrito em meu diário, as lágrimas agora
se confundiam com a chuva, que parecia chorar conosco. Apenas consegui
abraça-lo e beija-lo forte, até conseguir recuperar as palavras.
Alguns segundos depois, com as lágrimas ainda se fazendo presente, olhei nos olhos de Henrique e respondi:
-
Esperei por tanto tempo isso tudo, por tantos anos, em tantos sonhos,
vivi e vivo contigo o melhor sentimento que em mim poderia existir.
Tenho os melhores desejos, os mais incríveis planos e as melhores
realizações, tudo com você, por você. Então, desejo sim ser uma
Castanhari, desejo ser tua, como sempre tua, mulher.
A
emoção do momento tomou conta de nós dois, e por mais que isso seja
algo um pouco "fora da moda" para alguns, para nós não foi, não é. Toda
mulher tem esse desejo, mesmo que muitas vezes escondido. Viver um amor,
talvez pela vida toda, até os últimos dias, certamente será a melhor
sensação, a melhor emoção, algo que desejo a qualquer coração.