terça-feira, 10 de julho de 2012

Em minhas mãos (conto)

Tudo começou tão diferente dos outros namoros, acho que minha relação com Brayan nunca foi um exemplo de perfeição ou pelo menos perto disso.Tínhamos tudo e nada haver um com o outro, ele era bipolar demais e eu impaciente demais pra esperar. Quando eu esperava um carinho, um aconchego ele vinha com grosserias e mal humor. Quando eu estava nem ai pra nada e querendo desistir dele, a coisa mudava e era nessas horas que eu não tinha coragem de deixá-lo.
Por mais que Brayan nunca tenha sido um namorado prestativo eu o amava, não sei por que e nem quando começou, mas tinha algo nele que me encantava profundamente, talvez fosse apenas o meu amor por ele. Tudo isso estava me cansando demais, me deixando triste demais, deixando todos de lado, inclusive eu mesma.
Queria poder viver tanta coisa ao lado do meu namorado, queria poder fazer planos sem ser contrariada, queria contar do meu dia sem ser criticada. Pensei que meu sentimento fosse capaz de suprir a falta que ele me faz, mas não foi e nunca será. As pessoas me aconselham e eu confesso que me sinto uma palhaça vivendo uma relação dessas, mas o que eu posso fazer? Deixá-lo? Já pensei inúmeras vezes, mas o meu coração sempre resolve as coisas por mim. Por mais que eu me esforce para ser tudo aquilo que eu gostaria que ele fosse, meu namorado se recusava a sequer lembrar do nosso aniversário de namoro. O único presente que eu ganhei dele em vinte e quatro meses juntos, foi um convite para o cinema, caso esse que aconteceu há muito tempo e gerou isso que acontece hoje, nós dois juntos, porém distantes.
Então uma ligação mudou tudo e me fez ter coragem e tentar me amar uma vez na vida.
Era na base de vinte horas, meu telefone toca, a ligação era restrita, eu pensando que era Brayan, atendi eufórica, mas somente ouvi:
- Não sou ele, mas sou quem está com ele. Você nunca foi amada, porque o amor que você queria, me pertencia e sempre irá me pertencer. Se você não acredita no que está ouvindo mais uma vez, venha ao apartamento dele, você encontrará todas as respostas que precisa.
Aquela voz era conhecida, mas na confusão dos meus pensamentos não consegui decifrar, apenas peguei minha bolsa e fui correndo conferir se tudo aquilo era verdade.
Pelo caminho as lágrimas já rolavam por imaginar a cena, ou o que eu iria ouvir, eu não conseguia acreditar nisso, mas tudo tinha nexo, tudo agora fazia sentido, ele só podia ter outra.
Ao chegar ao apartamento dele, minhas pernas trambolhavam de nervosismo, mal conseguia tirar a chave da bolsa. É porque eu iria bater e dar tempo de alguém se esconder, se eu tivesse que ver algo, seria na cara, na hora, sem mentiras mais.
Ao pegar a chave as dúvidas mais uma vez bateram e eu não sabia se estava agindo certo. Porém se eu entrasse e ele estivesse com alguém, eu iria enlouquecer. Se não tivesse ninguém eu iria enlouquecer também por ficar mais sem saber se é verdade ou não.
Com a chave em minhas mãos e com a cabeça a mil, tomei a decisão, abri a porta. Tudo tava escuro, só havia uma música baixa, fui direto ao quarto dele e pra minha grande decepção, meu namorado acompanhado. Aquela cena transformou a pessoa que existia em mim, der repente os meus olhos se abriram meu coração se clareou e minha mente enfim, entendeu tudo. Meu coração? Esse talvez nem tenha sido tocado, prefiro assim, antes de tudo consegui bloqueá-lo pra não sofrer mais.
Não consegui dizer nada, apenas olhei pra eles e aplaudi. Isso mesmo, aplaudi pelo show e agradeci por eles terem me libertado de algo que eu imaginava ser tão bom, mas que se tornou tão ruim pra mim.
Brayan visivelmente surpreso, tentou evitar minha saída, e gaguejando tentava encontrar uma explicação pra aquela cena horrorosa. E a pessoa que estava com ele me marcou profundamente, era uma colega de trabalho dele, que convivia demais conosco. Alguém que eu jamais suspeitaria. Enquanto Brayan gritava e implorava para que eu lhe escutasse, mesmo eu não emitindo palavra alguma, fui até Sofia, olhei nos seus olhos e com todas as minhas forças dei um tapa em sua cara, tapa esse que ela tentou revidar, mas não conseguiu. Brayan me agarrou e disse pra mim me controlar, quando viu o ódio existente em meus olhos ele me soltou, e naquele momento eu percebi que não valeria a pena me arriscar, fazendo algo que não me levaria a nada, apenas alimentar minha raiva. Mas com meu coração partido consegui dizer apenas:
- Obrigada por ter me impedindo de viver dois anos da minha vida. Obrigada por mentir, por enganar e por ser tão cruel. Sei que estava na minha frente que você não gostava de mim, mas teve coragem pra fazer isso e não teve coragem pra terminar comigo. A única coisa que eu te desejo é, azar, muito azar na tua vida.
Minha mão queimava de ódio e não consegui evitar outro tapa, mas esse foi pra me libertar de vez. Algo que eu já tinha que ter feito.
Não olhei nem um minuto pra trás e não derramei lágrima alguma na frente deles, apenas sai em silêncio.
Quando sai do prédio, respirei fundo e apartir dali comecei a me amar. Estava visivelmente triste com o que tinha acontecido, porém bastante aliviada em saber da verdade e não viver sendo usada.
De tudo isso descobri apenas uma coisa, que minha vida depende de mim, assim como minha felicidade, meus planos e minhas conquistas. Pessoa alguma, sendo amigos, namorado, pai e mãe, viverá a minha vida, apenas estará nela, ninguém irá sentir minhas dores e tomar as minhas decisões. Aprendi que tudo depende exclusivamente de mim e que meu destino sempre estará em minhas mãos, só basta eu abrir os olhos e seguir o caminho certo, assim como estou fazendo agora.

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