Tudo
começou tão diferente dos outros namoros, acho que minha relação com
Brayan nunca foi um exemplo de perfeição ou pelo menos perto
disso.Tínhamos tudo e nada haver um com o outro, ele era bipolar demais e
eu impaciente demais pra esperar. Quando eu esperava um carinho, um
aconchego ele vinha com grosserias e mal humor. Quando eu estava nem ai
pra nada e querendo desistir dele, a coisa mudava e era nessas horas que
eu não tinha coragem de deixá-lo.
Por
mais que Brayan nunca tenha sido um namorado prestativo eu o amava, não
sei por que e nem quando começou, mas tinha algo nele que me encantava
profundamente, talvez fosse apenas o meu amor por ele. Tudo isso estava
me cansando demais, me deixando triste demais, deixando todos de lado,
inclusive eu mesma.
Queria
poder viver tanta coisa ao lado do meu namorado, queria poder fazer
planos sem ser contrariada, queria contar do meu dia sem ser criticada.
Pensei que meu sentimento fosse capaz de suprir a falta que ele me faz,
mas não foi e nunca será. As pessoas me aconselham e eu confesso que me
sinto uma palhaça vivendo uma relação dessas, mas o que eu posso fazer?
Deixá-lo? Já pensei inúmeras vezes, mas o meu coração sempre resolve as
coisas por mim. Por mais que eu me esforce para ser tudo aquilo que eu
gostaria que ele fosse, meu namorado se recusava a sequer lembrar do
nosso aniversário de namoro.
O único presente que eu ganhei dele em vinte e quatro meses juntos, foi
um convite para o cinema, caso esse que aconteceu há muito tempo e
gerou isso que acontece hoje, nós dois juntos, porém distantes.
Então uma ligação mudou tudo e me fez ter coragem e tentar me amar uma vez na vida.
Era
na base de vinte horas, meu telefone toca, a ligação era restrita, eu
pensando que era Brayan, atendi eufórica, mas somente ouvi:
-
Não sou ele, mas sou quem está com ele. Você nunca foi amada, porque o
amor que você queria, me pertencia e sempre irá me pertencer. Se você
não acredita no que está ouvindo mais uma vez, venha ao apartamento
dele, você encontrará todas as respostas que precisa.
Aquela
voz era conhecida, mas na confusão dos meus pensamentos não consegui
decifrar, apenas peguei minha bolsa e fui correndo conferir se tudo
aquilo era verdade.
Pelo
caminho as lágrimas já rolavam por imaginar a cena, ou o que eu iria
ouvir, eu não conseguia acreditar nisso, mas tudo tinha nexo, tudo agora
fazia sentido, ele só podia ter outra.
Ao
chegar ao apartamento dele, minhas pernas trambolhavam de nervosismo,
mal conseguia tirar a chave da bolsa. É porque eu iria bater e dar tempo
de alguém se esconder, se eu tivesse que ver algo, seria na cara, na
hora, sem mentiras mais.
Ao
pegar a chave as dúvidas mais uma vez bateram e eu não sabia se estava
agindo certo. Porém se eu entrasse e ele estivesse com alguém, eu iria
enlouquecer. Se não tivesse ninguém eu iria enlouquecer também por ficar
mais sem saber se é verdade ou não.
Com
a chave em minhas mãos e com a cabeça a mil, tomei a decisão, abri a
porta. Tudo tava escuro, só havia uma música baixa, fui direto ao quarto
dele e pra minha grande decepção, meu namorado acompanhado. Aquela cena
transformou a pessoa que existia em mim, der repente os meus olhos se
abriram meu coração se clareou e minha mente enfim, entendeu tudo. Meu
coração? Esse talvez nem tenha sido tocado, prefiro assim, antes de tudo
consegui bloqueá-lo pra não sofrer mais.
Não
consegui dizer nada, apenas olhei pra eles e aplaudi. Isso mesmo,
aplaudi pelo show e agradeci por eles terem me libertado de algo que eu
imaginava ser tão bom, mas que se tornou tão ruim pra mim.
Brayan
visivelmente surpreso, tentou evitar minha saída, e gaguejando tentava
encontrar uma explicação pra aquela cena horrorosa. E a pessoa que
estava com ele me marcou profundamente, era uma colega de trabalho dele,
que convivia demais conosco. Alguém que eu jamais suspeitaria. Enquanto
Brayan gritava e implorava para que eu lhe escutasse, mesmo eu não
emitindo palavra alguma, fui até Sofia, olhei nos seus olhos e com todas
as minhas forças dei um tapa em sua cara, tapa esse que ela tentou
revidar, mas não conseguiu. Brayan me agarrou e disse pra mim me
controlar, quando viu o ódio existente em meus olhos ele me soltou, e naquele
momento eu percebi que não valeria a pena me arriscar, fazendo algo que
não me levaria a nada, apenas alimentar minha raiva. Mas com meu
coração partido consegui dizer apenas:
-
Obrigada por ter me impedindo de viver dois anos da minha vida.
Obrigada por mentir, por enganar e por ser tão cruel. Sei que estava na
minha frente que você não gostava de mim, mas teve coragem pra fazer
isso e não teve coragem pra terminar comigo. A única coisa que eu te
desejo é, azar, muito azar na tua vida.
Minha
mão queimava de ódio e não consegui evitar outro tapa, mas esse foi pra
me libertar de vez. Algo que eu já tinha que ter feito.
Não olhei nem um minuto pra trás e não derramei lágrima alguma na frente deles, apenas sai em silêncio.
Quando
sai do prédio, respirei fundo e apartir dali comecei a me amar. Estava
visivelmente triste com o que tinha acontecido, porém bastante aliviada
em saber da verdade e não viver sendo usada.
De
tudo isso descobri apenas uma coisa, que minha vida depende de mim,
assim como minha felicidade, meus planos e minhas conquistas. Pessoa
alguma, sendo amigos, namorado, pai e mãe, viverá a minha vida, apenas
estará nela, ninguém irá sentir minhas dores e tomar as minhas decisões.
Aprendi que tudo depende exclusivamente de mim e que meu destino sempre
estará em minhas mãos, só basta eu abrir os olhos e seguir o caminho
certo, assim como estou fazendo agora.
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