sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011


Por que ela se apaixonou por ele? Perguntava-se sempre. Bem, ele era bonito. Não! Mais que isso. Era lindo! E tinha o sorriso mais claro que um dia ela já tivesse visto. Poderia ter sido pela beleza aberta, displicente e leve que ele tinha, ou pelo riso fácil, ou pelo jeito gostoso de menino que corre pro mar e se encharca de sonhos, gargalha por nada, e faz do nada o seu tudo, se lambuza do mundo!
É… poderia ter sido por todas essas coisas, e talvez tenha mesmo! Mas, havia ainda aquele olhar… E o jeito como ele a olhou naquele primeiro instante… Ele a trouxe inteira pra dentro daquele olhar… Olhar doce de mistério e magia. De um desejo confesso. Sem disfarces! Ela não nega, se entrega! Mas, não era só isso, havia algo mais… Um misto de pecado e ternura, mansidão e loucura. E não foi, (ela jura!) pelo modo como ele a puxou pela cintura, a trouxe para o seu cheiro e sussurrou ao seu ouvido palavras úmidas de amor. Jura também, que não foi pelos corpos colados, e as mãos dele deslizando pela fendas da sua alma e vestido, e o calor da pele-poro-pêlo-arrepio.
Ou porque se apagaram todos os medos e estrelas se incendiaram num céu aberto de possibilidades (infindáveis e todas). Ou pelas borboletas no estômago, sinos tocando no momento do beijo, o frio na barriga, o coração disparado, as mãos suadas e as pernas bambas, todos esses clichês e tantos outros que não me ocorrem agora…, todas essas obviedades próprias de um instante como esse, em que a gente fecha os olhos bem forte e pede baixinho pra que não acabe nunca mais. Mas, ainda assim, talvez não tenha sido por tudo isso (não só…). Não só pela forma como ele a amou naquela noite ( louco e manso, safado e santo…).
Não só pela noite maravilhosa e por todas as outras que se seguiram (puro poema). Mas, pela manhã seguinte em que ele a envolveu nos seus braços, e o mundo coube todo ali dentro da ternura daquele abraço. Por isso, por tudo e por mais! Por todas as manhãs em que ele sorrindo lhe traz o sol de presente e a olha demorado e fundo, como “naquele primeiro segundo daquele primeiro instante”, e ela ainda se vê lá, no fundo daquele olhar…

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