segunda-feira, 14 de março de 2011

Finitude


Acho que amor, quando é amor mesmo, daqueles que tiram o fôlego e o que mais a gente tiver , acontece de sopetão. É instantâneo, covarde. Pega a gente naquela esquina cheia de gente correndo e não quer nem saber se estamos atrasados, comprometidos, ressentidos ou de ressaca sentimental. Ele chega, te ignora, se instala, te devora, vai embora. É visita de médico, é distração, brincadeira, palhaço. Pega nosso coração nas mãos e o joga de um lado pro outro, mas nunca do lado de quem ele escolheu. Ou até joga, mas sempre por pouco tempo, sempre sem durar pra sempre. Amor dos bons não é infindo porque ninguém consegue se machucar pra sempre, ninguém agüenta o coração desenfreado ou quase parado por conta da dor por tanto tempo, ninguém sorri a toda hora e, além do mais, ninguém gosta de ser um idiota completamente efusivo e sinestésico por toda a vida. Amor dos bons acaba em drama, desespero, cacos, choro, saudade. Acaba pra dar sossego, intervalo de novela mexicana, pra comermos, trabalharmos, estudarmos, seguir em frente, viver. Amar a todo tempo é autodestrutivo, é deixar de respirar por poucas horas de prazer.

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