domingo, 4 de setembro de 2011

REPOUSO

REPOUSO

A dor. Sem pudor, com disfarce de amor!
Eu nua, de tudo, como vim ao mundo. E ela?
Vigarista, me chama de amiga e fere a ferida.
Aberta, fétida, maléfica!
A dor.
Não é mágoa é aflição, dó com nó na garganta,
que mata, escalda. Forasteira que entra e sai.
Apodera-se do meu veredicto, padecer no inferno, lágrimas!
Um derradeiro. Verdadeiro, violento.
A dor.
Cansada do lamento. Ladainha. Traiçoeira, há quanto
tempo está perene em mim... cem, mil, horas, enfim.
A dor.
Satanás. Este sentimento tem cheiro de memórias, póstumas, estio.
Quem dera fosse como Brás Cubas.
Oras! Azar o meu, eu sei. Intriga, culpa, fria, indiferente e arde.
Tentativas.
A dor.
Vai honrar a ameaça que me fez tragar? Encheu-me de pústulas
nas veias de tanto gritar:
CHEGA DOR, precisa passar!
Cresci, amadureci, tatuei o limiar, no pulso, jorrar.
Palavras. Juramentos.
Vem o cavalheiro e me estende o dedo, não a mão.
Depois de anos, aceito. Acalma minha peleja, cala o meu grito,
lambe minha lágrima. Toca meu cabelo. Um companheiro.
A dor.
Me aquece, adormece, apetece. esclarece:
Sou apenas um mensageiro, esvazio seu corpo inteiro, apago a
amargura. Agora.
A dor.
Momento.Tudo é passageiro. A vida, a tua. Segue a diante
sem medo, sou seu escudeiro.
Mas vestindo negro? Com este olhar sorrateiro, olhar disfarçado,
olhar oblíquo.
Cala-te, vim apenas te buscar. Tempo de viver o infinito.
A dor. Espírito. Pode dar seu último grito.
ALÍVIO da dor.
MEMÓRIAS...
Detestei descobrir que nem toda lembrança representa saudade.

Rasguei fora tudo que me lembra você e motiva ira.
Tenho medo de decidir esquecer você.
Prefiro me sentir como um rato, solto, nos escombros do nosso amor, do que te colocar a sete palmos do chão!
Abriu minha ferida. A possibilidade de viver só com memórias não me satisfaz. E sou decidida. Sofro, fico em cacos, mas jamais dividida. Saudade é sentimento de quem disse que ia e não foi. É pouco para mim, gosto da continuidade da vida.

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