terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Carpe diem


A memória da gente registra tanta coisa. A minha é meio seletiva. Me parece que eu tenho uma certa tendência a "esquecer" fatos desagradáveis. Os irrelevantes, nem sempre. Os super valorizados pela grande maioria me causam pouco efeito. E por isso, me acham esquisita. Eu sei e nem ligo mais.
Uma realidade paralela como na Matrix. É como defino os "esconderijos" da minha memória. E como as letrinhas que caem na Matrix, vez ou outra eu fico vendo as minhas memórias desfilarem à minha frente. E eu "vejo" muita coisa. O pé de seriguela no quintal do meu avô. Desenho de sol no chão um dia antes de ir à praia. Os finais de tarde em frente ao Sítio do Pica-Pau Amarelo. Os atrasos ao meio-dia para terminar de ver He-man (ou She-ra) no Balão Mágico. O Trem da Alegria. Domingo no Parque. Bambolê (eu até fui campeã na minha rua). Pular corda e elástico. Minhas bonecas lindas. A coleção Moranguinho. Um Aquaplay. Um mini-liquidificador que fazia vitaminas de verdade. A Susy noivinha. Um Pogobol. A Gata Comeu. As freirinhas do colégio que me puxavam as orelhas (às vezes, literalmente... rs). Legião Urbana. As coisas que Adelaide, minha anã paraguaia, me disse, foram substanciais. Uma Barata chamada Kafka. O Coquetel de Tom Cruise era incrivel. Step by step alcançava-se o inimaginável junto aos New Kids on the Block... rs rs Biquini Cavadão fez até uma Carta aos Missionários...
Coisas simples, sem sentido, aleatórias. Isoladamente, claro. Porque em conjunto fazem todo o sentido do mundo, ou pelo menos do meu mundo.
E eu sou a soma de cada uma dessas coisas. Elas vivem em cada detalhe meu. Elas fazem meu coração sorrir até hoje. E me arrancam sim, suspiros nostálgicos. Mas acho que elas devem ficar lá atrás mesmo. É essa a graça. É esse o encanto. O motivo de serem especiais. Elas são o pano de fundo das coisas ditas "importantes". Pemeiam a minha infância, minha adolescência e minha vida adulta. E fico muito feliz em ter vivido cada uma dessas coisas. Só me fazem lembrar a singularidade de cada momento.
São pensamentos melancólicos. Talvez. Mas o fato é que eu procuro extrair a essência de cada coisa, mais ou menos como fez Grenouille (em O Perfume), não no mesmo estilo, claro...rs rs
E acho que captei muito bem a mensagem do Prof. Keating (em Sociedade dos Poetas Mortos) quando ele dizia: Carpe Diem.

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