terça-feira, 15 de março de 2011

Aqui jas





Tenho horror a hospitais,os frios corredores,as salas de espera,ante-salas da morte,mas ainda a cemitérios onde as flores perdem o viço,não há flor bonita em campo santo. Possuo no entanto,um cemitério meu,pessoal,eu o construí e inaugurei há alguns anos quando a vida me amadureceu o sentimento. Nele enterro aqueles que matei,ou seja,aqueles que para mim deixaram de existir,morreram : os que um dia tiveram minha confiança e a perderam. Quando um tipo vai além de todas as medidas e de fato me ofende,já com ele(a) não me aborreço,não fico enjuada ou furiosa,não brigo,não corto relações,não lhe nego o comprimento.
Para mim o fulano morreu,foi enterrado,faça o que faça,já não pode me magoar. Raros enterros acontecem,principalmente com aqueles que faltou com á amizade,traiu o amor,foi por demais interesseiro,falso,hipócrita,arrogante.No pequeno e feio cemitério,sem flores,sem lágrimas,sem um pingo de saudade,apodrecem uns tantos sujeitos,umas poucas mulheres,uns e outras que varri da memória,retirei da vida.
Encontro na rua um desses fantasmas,paro a conversar,escuto,correspondo ás frases,ás saudações,aos elogios,aceito o abraço,o beijo fraterno de Judas.Sigo adiante,e essas pessoas pensam que mais uma vez me enganou,mal sabe elas que estão mortas e enterradas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário