quinta-feira, 28 de junho de 2012



Na tentativa de ocupar meus pensamentos eu fui ajeitar umas coisas nas gavetas. E no meio de tanta coisa encontrei aquela calcinha branca que você adorava, aquela sem toda-cara-de-mulher-sexy mas que combinava com meu corpo e com minha pele. 
Segurando a calcinha na mão, perto do coração, sentei na cama e lembrei das noites que eu deixava de pertencer pro mundo e era só sua. De quando você segurava meus cabelos de um jeito que parecia que eu ficaria presa pra sempre em ti.
Lembrei de você todo com cheiro de banho, com sua camiseta branca de gola toda zoada e cara de menino-homem-mais-lindo-planeta. 
Quando eu te conheci eu comprei felicidade no mercado e levei pra casa. Só que sei lá, por descuido eu coloquei muito na beirinha da prateleira e acabou caindo, já tinham me dito que felicidade era frágil, mas eu sou meio estabanada e era legal fazer café olhando pra aquela felicidade ali, tão linda, tão possível.
Você deixou tudo com um gosto feliz, os lençóis da cama, as toalhas do banheiro, as xícaras, os quadros, as cortinas. A felicidade só era no fundo, o seu reflexo.
Te olhava dormir, te olhava conversar no celular, te olhava dirigir, te olhava enquanto meus quadris dançavam no teu colo. Como eu amava te olhar. Parecia que meus olhos eram fascinados por ti, como se tivessem recebido algum tipo de magia. Eu viveria só pra te olhar, se possível fosse.
E agora agarrada com essa calcinha que eu nunca mais vesti, parece que até sinto seu cheiro. Fecho os olhos bem apertados e sinto sua mão me pegando pela cintura, você me silenciando minha birra, você me mostrando meus caminhos, me percorrendo, sendo dono. 
Lindo quando você me apresentava pro seu amigo da faculdade, como 'sua' menina. Lindo quando você em fazia dormir e depois me carregava pra cama, lindo quando você contava pra sua mãe que eu tinha aprendido fazer o bolo que você adorava. Você foi lindo. Continua lindo, mas comendo outros bolos, colocando outras pra dormir e até apresentando outras meninas pros seus amigos de faculdade. Meninas que não merecem nem um jogo de futebol na TV ao lado do meu melhor namorado*.
A felicidade caiu, quebrou, tentei colar, nada que é colado pode ser bonito de novo. 
Da palavra felicidade, ficou só o 'cidade'. Talvez uma indireta pra que eu me jogue nas ruas atrás de ti. Mas não. A gente se quebrou também, do eu-e-você ficou só o eu. E as lembranças que teimam em não se quebrar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário