quinta-feira, 28 de junho de 2012



O sol não espera, o dia não espera, a vida não espera, Cazuza lindamente disse que o tempo não para.
Você se arrisca, joga alto, aposta todas suas fichas, marca casamento, decora a casa, troca os móveis e acaba sentada na soleira da porta, chorando, sozinha, com as chaves do futuro que sonhou sozinha nas mãos.
Se desespera, se descabela, aluga as amigas, manda SMS pra ele, manda e-mail pra ele, sente ódio dele, sente ainda mais amor, sente saudade.
Acha que nunca vai passar. É igual quando se é criança e a mãe da gente sai pratrabalhar, achamos que ela nunca vai voltar. 
E quem vive a dor da mãe não voltar consegue aceitar qualquer outra dor.
Lambe as feridas, passa uma base pra disfarçar as olheiras e fala: Tô bem e sorri. Sorri o sorriso de olhos apertados e dentes brancos. O coração fecha os olhos pra não se chatear com tanto fingimento. Lábios são fingidores.
Vivendo, mas sempre com aquela sensação estranha ao chegar em casa, deitar na cama... ‘podia ter dado certo’, ‘é ele que eu quero’ , ‘ai que saudade dele, caralho’.
Evita as músicas, apaga as mensagens, apaga as fotos, sente falta, sente vontade de dar na cabeça dele com uma frigideira de ferro e suspira aliviada no final de cada dia: tá passando.
E passa. Você vai lendo coisas, situações que te fazem crer que não era como imaginava.
O coração começa abrir os olhos porque os lábios não fingem mais. O ‘tô bem’ é verdadeiro, ainda dói, mas já dá pra sorrir.


Pra quem aprendeu a ser sozinha, a solidão de verdade dói menos que a solidão que vem acompanhada.

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