terça-feira, 10 de julho de 2012

Sobre as tardes que morrem.

Soprava fria a tarde imensa. Meus pés apressados íam traçando na estrada um caminho torto. Os pensamentos que de cansados doíam, costuravam o céu cinza feito avião partindo triste. Solidão esvoaçava, esvoaçava a alma, o amor, a fé. 
E foi assim, que na dança infinita do acaso fitei os olhos no horizonte e vi, que o sol ainda acendia uma ponta de esperança nos morros vazios. Esta, que de longe me esticava um aceno, vaga, sutil, e acesa, acesa feito uma tarde de verão. 
Dei um suspiro tão longo que engoli o azul do horizonte inteiro, engoli o feixe de sol que acendia a esperança, engoli  a tarde e todo o tempo que lhe prendia. 
Foi um suspiro tão longo que por um instante achei que tivesse morrido e morri. Quando recuperei o fôlego meus cabelos estavam embaraçados, embaçados estavam os meus olhos, a minha boca sorria só, involuntária, riam as nuvens no céu. 
Inexplicável feito a vida que a gente leva, mas eu passei a fazer parte daquele universo paralisado. Súbito como o encontro da chuva com a vidraça, como o despencar de uma estrela madura. 
Eu estava ali e isso era tudo. Eu engoli aquele instante como uma criança sedenta engoliria um suco de laranja gelado e doce. 
E eu me permiti jorrar feito a chuva até estilhaçar a vidraça. Me permiti encontrar o chão feito a estrela e brilhar por dentro.
E eu não sei, de verdade, não sei. O que é que tu é capaz de absorver dum por de sol. Sei que pra mim cada dia que morre é uma esperança que renasce. 
Afinal, amanhã eu não sei bem o que será, mas sou capaz de superar sempre que houver um feixe de luz, uma gota de chuva, uma estrela madura ou um sorriso sincero. Amanhã eu não sei bem o que é que vai ser, mas serei feliz se tiver olhos pra ver e coração pra sentir. Simples assim. 
Espero que qualquer dia tu possas me entender.

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