segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Reticências ou ponto final


Precisamos ter uma conversa” é uma das frases que mais me assustam (depois do “eu te amo”, claro). Pior é quando essa frase é seguida de um “quero um tempo”. Vish. Tempo? Quer um relógio, gato? Francamente, acho que “pedir um tempo” no relacionamento é pura covardia. Na verdade, esse tempo não existe. Eu considero como um fim. É um tempo infinito. Nunca vai acabar.

O problema disso tudo são as esperanças de uma possível volta. Quando a pessoa diz que “terminou”, não resta esperança. Acabou e acabou e ponto. Sim, porque se correr atrás de alguém queimasse calorias, tudo bem, eu correria. Pra que insistir em algo se a pessoa não quer mais? Ok, o foco não é esse. Já o “pedir um tempo” sempre deixa aquela esperançazinha, aquele desejo de que o tempo pedido não seja eterno. O fato é que um fim definitivo não faz esperar, não deixa na expectativa. E se há algo que machuca mais do que qualquer coisa são as expectativas. Principalmente as criadas depois de um “eu quero um tempo”. Tempo pra quê, afinal? Nunca entendi. Da última vez que me disseram isso, a pessoa não teve a decência de voltar a falar comigo para, então, pontuar nossa história com um ponto final, e não com reticências. Fiquei com uma história incompleta nas mãos, escrita em uma folha cheia de palavras vazias.
Pedir um tempo é como abrir parênteses em uma história. E todos sabem que os parênteses nem sempre apresentam informações relevantes. Sendo assim, esses parênteses no relacionamento abertos através de “um tempo” podem conter outras histórias, outros personagens, outros tempos, outros espaços, outros elementos da narrativa que não se referem aos mesmos personagens. E aí, caso os parênteses sejam fechados com a volta, essas informações ficarão sempre ali. Podem até ser ignoradas, não lidas, mas ficarão. E a história, quando retomada, ficará meio incoerente, meio incompleta.

Particularmente, não gosto de parênteses (embora os tenha usado aqui, mas tudo bem). Não gosto de histórias mal escritas, incoerentes, pela metade. Tempo, pra mim, precisa ser linear em uma história. Nada de interrupções, nada de espaços abertos no tempo. Isso prejudica o enredo, confunde os personagens. Quando for o momento, a história chegará ao fim. O tempo chegará ao fim. Início, meio e fim. Uma história completa, com ou sem final feliz. Mas é o fim, definitivamente. E não uma história com início e meio, apenas.

Pedir um tempo? Se está confuso sobre o que sente, é melhor se resolver antes de confundir a cabeça de outra pessoa também. Nada de reticências, nada de parênteses. Ou continua a história, ou coloca logo um ponto final.

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