terça-feira, 14 de agosto de 2012

Dói


Perdi tempo me olhando no espelho hoje em busca daquele sorriso de dias, tempos atrás... onde foi parar aquela alegria que tava aqui? não sei. Ou melhor, eu bem sei onde está minha alegria, mas ela também me faz triste.
Pode isso? Hoje meu sorriso mora bem junto de onde moram minhas lágrimas. É uma alegria que dói. E eu não sei se fico, se luto, se acredito, se sento e choro ou se deixo pra lá.
Mas como a gente faz pra deixar pra lá as coisas que o coração guarda a sete chaves? Não achei nem a primeira chave que o liberta ainda. É coisa demais pra entender.
No auge do desespero, no momento lindo que uma lágrima decora minha face eu pego o telefone e ligo, na esperança de ouvir qualquer coisa que torne minha dor menor. Ouvir o jeito de dizer um simples 'oi' que meu coração gravou. Ouço segundos de silêncio e desisto. Ouvir a voz dele ia me fazer esquecer. Esquecer toda mágoa, medo, desespero. E eu não posso esquecer.
Eu tenho a mania [ou sina] de amar exageradamente e não saber o que fazer quando o coração se inunda de mágoa, quando o coração dói. Meu instinto me pede que pegue o coração no colo, encha de beijos e diga que vai ficar tudo bem. Mas quando eu faço isso, quando sinto meu coração pulsando ali, vejo que até adesivo de família feliz eu tinha colado no coração. Eu, ele, nossos dois filhos e nosso cachorro. Filhos que teriam pai tatuado e mãe sonhadora. O braço tatuado dele seria o descanso pros meus dias banhados de incertezas. Seu colo moreno seria o descanso pra bronca da humanidade que eu tenho.
Seria tudo perfeito se não fossemos humanos? Talvez.
Se fossemos controlados? Se colocar um no lugar do outro? Não fazer pro outro o que não quer pra si? não sei.
Não tinha nenhum contrato que estipulava que tínhamos que acertar sempre. Mas também não tinha nada que falava que toda mágoa tem que ser suportada. Há coisas que depois de quebradas, nunca mais ficam bonitas.
Deito no sofá gostoso da casa nova que tem cheiro de mudança. Abraço uma almofada e fecho os olhos. Por alguns instantes imagino sua boca bonita contornando toda a minha saudade. E sorrio pro nada. Pra parede nova.  Um sorriso que dói. Sorriso triste, igual de palhaço.
Palhaço pinta a cara pra esconder a dor. Eu sorrio pra mostrar que tô bem. Não quero perguntas, não quero ter que relembrar a cada instante que pode ter acabado. Dói.
E amar é isso. Você não pode ser escandalosamente feliz, sem sofrer escandalosamente. Amor e dor são como a gente talvez. Não sabem conviver. Pra um brilhar, outro tem que doer.
E hoje quase peguei no telefone de novo, mas pra te pedir pra levar as lembranças de dentro de mim, o som da risada. Leva tudo embora, vai...
Sorte que não liguei... vai que você levava. Não suportaria. Sem você já tá doendo pra caralho, imagina sem a certeza que tudo existiu? Eu não ia suportar.
Lembrança é isso então. Um tapa na sua cara toda vez que você quer brincar que nada aconteceu.

Porque amor foi feito pra acontecer. E doer.
Eu acho.

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